quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

TRABALHO INFANTIL

Exploração do Trabalho Infantil

Trabalho infantil gera lucro pra quem explora, pobreza pra quem é explorado, faz parte da cultura econômica brasileira e está diretamente ligado ao trabalho escravo. A quem incomoda a luta contra o trabalho infantil? Incomoda aos que se incomodam com a luta contra o trabalho escravo. Incomoda aos que se incomodam com a luta contra o trabalho degradante. O combate ao trabalho infantil incomoda a quem lucra com o trabalho infantil, a quem lucra com o trabalho escravo e a quem lucra com o trabalho degradante.

A quem incomoda a dignidade humana; a quem incomoda a beleza, a resistência, a sensualidade, a honestidade, a capacidade de organização do pobre; a quem incomoda a imagem bonita dos menos favorecidos? A quem incomoda a denúncia das injustiças da pobreza? Incomoda aos ricos e incomoda a uma parcela da classe média. Pra existir um rico quantos pobres tem que existir? Me perguntou um dia um carvoeiro, cansado de trabalhar, desde criança.

Ataliba dos Santos estava cansado de não assinar a carteira, não estudar, cansado de nãos... E cansado de não ter respostas. Enquanto fotografava pensava a quem interessa o desequilíbrio social? No Brasil, o trabalho infantil não é conseqüência da pobreza, mas sim instrumento financiador dela. Empregar crianças significa lucro fácil. A exploração infantil gera o desemprego dos pais, trabalho escravo, crianças doentes, subnutridas, morando em precárias condições, prejudicadas na sua capacidade intelectual e no seu direito à educação, lesadas no seu direito ao lazer, ao carinho, à alegria; sem infância.

“A gente custa muito pra entender que nasceu pra ser peixe de engordar gato que engorda rico e, em casa, a gente fabrica com todo amor os próximos peixinhos. Pra fugir disso, botei todo mundo pra estudar, mas sinto um aperto no peito porque sei que o ensino é muito ruim. Filho de pobre, mesmo depois de estudar um, dois, quatro anos, continua analfabeto. “As palavras de José dos Santos, carvoeiro na região do serrado, em minas Gerais expressão a luta para mudar uma realidade.

José dos Santos está tentando romper uma corrente perversa que alimenta uma cadeia de trabalho degradante nas carvoarias brasileiras, assim como nos sisais, nas fazendas, nos canaviais, nas pedreiras e em vários setores do segmento rural que alimentam indústrias urbanas. O trabalhador que vive em trabalho degradante ou análogo a escravo, é, na sua imensa maioria, analfabeto, e foi explorado como trabalhador infantil. Aconteceu assim com seus pais e seus avós. O caminho normal é acontecer com os filhos e netos.

Infelizmente, ainda não existe no Brasil uma política social que faça a associação entre trabalho infantil e trabalho degradante, análogo a escravo ou escravo, de forma a romper esse círculo. A realidade é que o trabalhador escravo de hoje foi o trabalhador infantil de ontem. A realidade do trabalho nas carvoarias brasileiras merece uma análise diferenciada. Muitas vezes o trabalho não é considerado trabalho escravo, outras vezes sim.

Porém, sempre é um trabalho extremamente pesado e quase sempre, mesmo em casos de carteira assinada, um trabalho degradante. Acaba com a saúde do trabalhador. Muitas vezes, olhar uma carvoaria em pleno vapor é, do ponto de vista humanitário, algo inaceitável.


AS CRENÇAS AFRO-BRASILEIRAS

As crenças Afro-Brasileiras 01 - Os cultos afro-brasileiros constituem um sistema de crenças originado da cultura africana, a qual adentrou o Brasil a partir do século XVI, com a chegada dos primeiros escravos. A maioria dos negros foi trazida da costa Oeste da África, onde predominavam dois grandes grupos: os Sudaneses e os Bantos. Os Sudaneses são procedentes da região do Golfo da Guiné, onde se localizam hoje a Nigéria e o Benin. Pertenciam às nações Haussais, Jeje, Keto e Nagô, e foram os principais precursores do Candomblé. Os Bantos são compostos pelas nações de Angola, Benguela, Cabinda e Congo. Dessas nações, a cultura brasileira herdou, entre outros elementos, a capoeira e a congada. Os cultos religiosos que esses povos trouxeram sincretizaram-se com o Catolicismo, originando as chamadas crenças afro-brasileiras.
1 - O CANDOMBLÉ
Esta crença foi estabelecida primeiramente na Bahia, pelos negros ioruba. Pode-se dizer que o Candomblé é uma religião que cultua os orixás, deuses relacionados com as forças da Natureza. Sua liturgia é realizada no interior dos terreiros, também conhecidos como roças. O Candomblé ganhou força e difundiu-se, a partir da Bahia, para muitos outros estados brasileiros, principalmente o Rio de Janeiro. Em Pernambuco, o Candomblé é chamado de Xangô, nome de um dos orixás mais cultuados na tradição afro-brasileira.
Os orixás:
Relacionamos alguns dos orixás que fazem parte da base dessa crença afro-brasileira:
>Euá - Filha de Oxalá e Iemanjá, segundo a crença. É uma deusa pura, que tem o poder de se tornar invisível e de penetrar nos mistérios de Ifá (o deus da adivinhação). Seus domínios são as ilhas e penínsulas, o céu estrelado, a chuva e a faixa branca do arco-íris. No sincretismo religioso, está associada a Nossa Senhora das Neves.
>Exu - Filho primogênito de Oxalá e Iemanjá, Exu é aquele que abre os caminhos. Por isso, é sempre o primeiro orixá a ser invocado nas aberturas dos trabalhos, nas oferendas e na leitura do oráculo de búzios. Simboliza a energia dinâmica, o impulso sexual, o fluido vital. Também está associado à comunicação, por ser o intermediador entre os homens e os orixás.
>ansIã - Filha de Oxalá e Iemanjá, essa deusa possui os atributos da sensualidade, do dinamismo e da coragem. É uma deusa guerreira, representada sempre como uma mulher forte, que traz consigo uma espada e um iruexim, uma espécie de chicote. É considerada, também, senhora dos eguns, os espíritos dos mortos. Seus domínios são os ventos, as tempestades, os raios e o fogo. No sincretismo religioso, está associada à Santa Bárbara.
>Ibejis - Representam os orixás crianças, filhos gêmeos de Iemanjá e Oxalá. Simbolizam a dualidade: o quente e o frio, a luz e a escuridão, o masculino e o feminino, o divino e o humano, o início e o fim. No sincretismo religioso, estão associados a São Cosme e São Damião.
>Iemanjá - Representa a esposa de Oxalá e mãe da maioria dos orixás. Apresenta diferentes manifestações, nas quais recebe os nomes de Inaê, Janaína e Oloxum. Seus atributos são a feminilidade, a generosidade, a abundância e a maternidade. No sincretismo religioso, está associada à Virgem Maria, sob a denominação de Nossa Senhora da Conceição e Nossa Senhora dos Navegantes.
>Ifá- Deus da adivinhação e considerado o senhor do destino, Ifá é quem preside o jogo de búzios. Seu principal atributo é o conhecimento a respeito do destino de cada ser humano e divindade.
>Logum - Filho de Oxossi e Oxum, representa a beleza, a elegância, e a sedução. Durante seis meses do ano, ele assume a forma masculina e caminha pelas matas, domínios de seu pai caçador. Nos outros seis meses, assume forma feminina e parte para as águas doces, de domínios de sua mãe. É sempre representado como um adolescente, e também é chamado de Logunedê ou Logun-Edé. No sincretismo religioso, está associado a São Miguel Arcanjo e a Santo Expedito.
>Nanã - Também chamada de Nanã Burukê, esta é uma orixá muito antiga, que em diversos mitos aparece como co-criadora do mundo (no mesmo patamar de Oxalá e de Olorum). É uma das esposas de Oxalá (ao lado de Iemanjá) e em muitos cultos afro-brasileiros recebe o carinhoso tratamento de Vovó. Tem como atributos a fecundidade, a riqueza e o ciclo de morte e renascimento. Seu domínio é a lama, mistura de terra e água que simboliza a origem da vida. No sincretismo religioso, está associada a Santa Ana, mãe de Maria.

Refletindo sobre avaliação na EAD

Registro nº 4 - 03/08/2009 - Analisando sobre avaliação no EaD

O tema avaliação sempre foi muito instigante para mim. Há 20 anos estou em sala de aula, desde que comecei minha carreira de docente, sempre vi a avaliação de uma maneira muito diferente de muitas colegas que trabalhavam comigo. Muitas vezes eu nem entrava na discussão sobre esse assunto (pois eu era minoria), por medo de duvidarem da minha competência profissional. Naquela época e também hoje (para uma grande maioria), esse instrumento só tinha ou tem uma função: saber se o aluno aprendeu os conteúdos!E naquele tempo, eu já acreditava que naquele momento de avaliação o aluno também poderia aprender, que aquela prova poderia ter muitos significados para ele(aluno)quanto prara mim enquanto professora. Aquele momento de prova poderia ao meu ver,ser feito em grupo, individual, de pesquisa, de consulta a professora quando o aluno tivesse dúvidas...enfim, era mais um momento que eu poderia ensinar. Nunca duvidei da importância de uma avaliação, pois é um dos intrumentos onde podemos analisar vários aspectos do ensino-aprendizagem, mas sempre acreditei que podemos analisar um aluno também através de outras abordagens, como por exemplo, seu desempenho em sala de aula durante as atividades propostas, as atividades extra-classe, o interesse e a participação seja ela em grupo ou individual, enfim, a valiação precisa ser contínua e não uma ou duas vezes por bimestre; a avaliação precisa ser formativa, construtiva e não apenas somativa, onde o aluno poderá ser "crucificado", se por ventura não tiver tirado nota. Depois de muitos anos, a educação teve um grande avanço sobre essa questão (avaliação),onde muitos aspectos sobre tal assunto está sendo melhor analisado, repensado e acima de tudo, levando não só o professor e o aluno a mudanças de paradigmas preconceituosos, mas toda a sociedade. E agora mais do que nunca, percebo que a concepção que eu tinha sobre avaliação,numa época que era vista como "punitiva", vem hoje ao encontro das minhas idéias e ideais sobre uma educação diferente, construtiva, colaborativa, global... Acredito que a revolução da educação no tocante ao EaD, veio corroborar nessa questão tão discutida, mostrando a todos que é possivel avaliar a todo momento,em qualquer situação, e não somente em sala de aula com uma avaliação presencial. Nós seres humanos somos muito maior que uma folha de papel, nós somos seres inteligentes, que só precisam para para pensar, refletir, ter suas próprias opiniões. É isso que é para mim uma educação do futuro, são pessoas conectadas com o outro, é perceber o contexto a sua volta... penso que quando a maioria perceber isso, muitos dos problemas que vivemos hoje estarão resolvidos.

Beijos Maria Luiza

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Carta para Barack Obama

Barack Obama

Caros amigos, li para os meus alunos esse livro:PARA QUE A PAZ ACONTEÇA - QUEM PLANTA AMOR COLHE PAZ!
Textos produzidos pelos alunos da E.M. Dr. Wilson Romano Calil
São José do Rio Preto- São Paulo- Brasil
Editora: Brasilgraf
Coleção: Escola-Escreve-2008

Vale a pena adquirir, são muitos textos e poesias construídos pelos alunos com orientação dos professores desta escola.
Agora, essa carta vale a pena ler, pois é com crianças assim, que já tem essa visão crítica, que temos esperança de ter um mundo melhor. Precisamos batalhar para que mais crianças pensem, analisem, critiquem nossa forma de viver e agir.

CARTA AO PRESIDENTE ELEITO DOS ESTADOS UNIDOS.
São José do Rio Preto, 19 de novembro de 2008.

Excelentíssimo Senhor Presidente Barack Obama.
Quero pedir que não provoque mais nenhuma guerra, porque os Estados Unidos já participaram de duas guerras mundiais, além de outras, mostrando que tem muito poder de fogo. Mas pense, que com o dinheiro de submarinos, aviões e etc...poderia construir muitas salas de aulas, para fazer com que milhares de crianças tenham um futuro melhor, e quem sabe, se tornar um dia presidente (a) dos Estados Unidos. E tem mais: poderiam ser construídos muitos hospitais com quartos e equipamentos, pense em quantas vidas viria ao mundo e quantas seriam salvas.
Como presidente dos Estadosa Unidos é seu dever pensar nisso.
Eu escrevo essa carta para o Senhor Presidente, e espero que ouça meus conselhos.
Ass: Felipe

Aluno: Felipe F. Rocha- 4ª série C
Professora: Marcia

O cavalo Cego

Os dois cavalos

Em uma certa fazenda havia um pasto, onde viviam dois cavalos.... lá.

De longe, parecem cavalos como os outros cavalos, mas, quando se olha bem, percebe-se que um deles é cego.
Contudo, o dono não se desfez dele e arrumou-lhe um amigo - um cavalo mais jovem.

Isso já é de se admirar.

Se você ficar observando, você verá que há um pequeno sino no pescoço do cavalo menor.
Assim, o cavalo cego sabe onde está seu companheiro e vai até ele.

Ambos passam os dias comendo e no final do dia o cavalo cego segue o companheiro até o estábulo. E você percebe que o cavalo com o sino está sempre olhando se o outro o acompanha e, às vezes, pára para que o outro possa alcançá-lo. E o cavalo cego guia-se pelo som do sino, confiante que o outro o está levando para o caminho certo.

Como o dono desses dois cavalos, Deus não se desfaz de nós só porque não somos perfeitos, ou porque temos problemas ou desafios. Ele cuida de nós e faz com que outras pessoas venham em nosso auxílio quando precisamos. ..

Algumas vezes somos o cavalo cego guiado pelo som do sino daqueles que Deus coloca em nossas vidas.

Outras vezes, somos o cavalo que guia, ajudando outros a encontrar seu caminho.

E assim são os bons amigos.
Você não precisa vê-los, mas eles estão lá.

Josué Guimarães


Educação a Distância

O que é educação a distância (*)


José Manuel Moran
Especialista em projetos inovadores na educação presencial e a distância
jmmoran@usp.br


Educação a distância é o processo de ensino-aprendizagem, mediado por tecnologias, onde professores e alunos estão separados espacial e/ou temporalmente.

É ensino/aprendizagem onde professores e alunos não estão normalmente juntos, fisicamente, mas podem estar conectados, interligados por tecnologias, principalmente as telemáticas, como a Internet. Mas também podem ser utilizados o correio, o rádio, a televisão, o vídeo, o CD-ROM, o telefone, o fax e tecnologias semelhantes.

Na expressão "ensino a distância" a ênfase é dada ao papel do professor (como alguém que ensina a distância). Preferimos a palavra "educação" que é mais abrangente, embora nenhuma das expressões seja perfeitamente adequada.

Hoje temos a educação presencial, semi-presencial (parte presencial/parte virtual ou a distância) e educação a distância (ou virtual). A presencial é a dos cursos regulares, em qualquer nível, onde professores e alunos se encontram sempre num local físico, chamado sala de aula. É o ensino convencional. A semi-presencial acontece em parte na sala de aula e outra parte a distância, através de tecnologias. A educação a distância pode ter ou não momentos presenciais, mas acontece fundamentalmente com professores e alunos separados fisicamente no espaço e ou no tempo, mas podendo estar juntos através de tecnologias de comunicação.

Outro conceito importante é o de educação contínua ou continuada, que se dá no processo de formação constante, de aprender sempre, de aprender em serviço, juntando teoria e prática, refletindo sobre a própria experiência, ampliando-a com novas informações e relações.

A educação a distância pode ser feita nos mesmos níveis que o ensino regular. No ensino fundamental, médio, superior e na pós-graduação. É mais adequado para a educação de adultos, principalmente para aqueles que já têm experiência consolidada de aprendizagem individual e de pesquisa, como acontece no ensino de pós-graduação e também no de graduação.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Educação Sexista

Leia, a seguir, os paradoxos (opiniões contrárias) sobre o homem e a mulher. Homem não chora. Mulher é sentimento. Homem produz e tem. Mulher é improdutiva e recebe. Homem é livre. Mulher é dependente. Homem é provedor. Mulher é provida. Homem é cérebro, razão. A mulher é coração, emoção. Homem é gênio. Mulher é anjo. Homem é glória. Mulher é virtude. Homem é força. Mulher é lágrima. Homem é herói. Mulher é mártir. Homem é nobre. Mulher é sublime. Homem corrige. Mulher aperfeiçoa. Homem pensa. Mulher sonha. Homem é oceano. Mulher é lago. Homem é águia e voa. Mulher é rouxinol e canta. Homem domina o espaço. Mulher conquista a alma. Homem tem consciência. Mulher tem esperança.
Seguramente você nota que o poema “O homem e a mulher”, de Vitor Hugo, está quase todo aí, acrescentado de algum outro paralelo. Percebe que tudo o que aí é associado à masculinidade expressa poder, saber e força. E que tudo o que se refere à mulher caracteriza-se pela impotência, submissão e inferioridade. Aparentemente, contrastes sexistas nesses moldes igualam homem e mulher, mas, vistos com criticidade, eles perpetram o desrespeito às diferenças, cravam a desigualdade entre os sexos e imprimem a injustiça nas relações entre homem e mulher.
Discrepâncias nas idéias; injustiças na vida real. A sociedade cria, legitima e mantém papéis sociais identificados com os sexos e os veste feitos camisas-de-força nas crianças desde muito cedo. As crianças não são acolhidas pelo que elas são, mas pelo que a sociedade adulta quer que elas sejam. Daí o aprendizado sexista, desde cedo. Menino anda com o pai, joga com o professor e associa-se a grupos de meninos. Menina vive com a mãe, brinca com a professora e convive com meninas. Menino é conquistador. Menina é chorona. Menino pega peso. Menina lava prato. Menino tem carrinho. Menina ganha boneca. Bota é para menino. Menina usa sandália. Brinco e cabelo comprido são para ela. Eles usam cabelo curto e usam armas para brincar. Aí está: chegamos à raiz da violência, monopólio do homem, que vitimiza a ambos.
Na escola a visão sexista de mundo se materializa na fila das meninas, nas salas ou carteiras reservadas para elas e nas listas de chamadas não elaboradas em ordem alfabética; nos materiais didáticos de cunho sexista e na postura dos profissionais da educação que são exemplo da divisão sexual entre as pessoas, dos preconceitos a eles correlatos, os quais são até socialmente incentivados. E o menino, que ouviu da própria mãe a frase que diz que homem não chora, é forte, e a menina, que escutou dos pais a idéia de que menina é recatada e deve ser sensível, vivenciam o prolongamento nos espaços escolares do aprendizado de que o mundo é machocêntrico, e, por extensão, branco e proprietarista. No fundo, todos esses paradoxos, capitaneados pelo viés sexista, mostram que, do ponto de vista econômico, político e cultural, a sociedade está muito bem compartimentada, com uma forminha de tijolo para cada pessoa humana, candidata natural a ser mais um tijolinho pacificado nos muros e paredes consagrados pelo grande corpo social.
Uma educação não-sexista se propõe a ir contra tudo isso. Ela almeja, entre outras coisas, sair do campo teórico e descer à prática cotidiana, empreendendo ações que primem pela igualdade concreta entre os sexos. Orienta-se pelo que dispõe a Resolução 34/180 da Assembléia Geral das Nações Unidas (ONU), de 18 de dezembro de 1979, a qual pugna pela igualdade entre homem e mulher e a favor das “mesmas condições de orientação profissional, de acesso aos estudos e de obtenção de diplomas nos estabelecimentos de ensino de todas as categorias, tanto nas zonas rurais como nas urbanas”, afirma que “essa igualdade deverá ser assegurada na educação pré-escolar, geral, técnica e profissional, assim como em qualquer outra forma de capacitação profissional”; defende o “acesso aos mesmos programas, aos mesmos exames, a um pessoal docente com a mesma qualificação, instalações e material escolar da mesma qualidade” para todas as pessoas; propõe a “eliminação de qualquer concepção estereotipada dos papéis masculino e feminino em todos os níveis e em todas as formas de ensino mediante o encorajamento à educação mista e a outros tipos de educação que contribuam para alcançar este objetivo e, em particular, mediante a revisão dos livros e programas escolares e adaptação dos métodos pedagógicos”; diz ser correta a prestação das “mesmas oportunidades no que se refere à concessão de bolsas e outras subvenções para estudos”, além de assegurar ser justa a garantia das “mesmas oportunidades de acesso aos programas de educação supletiva, incluindo os programas de alfabetização para adultos e de alfabetização funcional, com vistas principalmente a reduzir, o mais cedo possível, qualquer desnível de conhecimentos existente entre homens e mulheres.”
Se programas de educação não-sexista forem implementados segundo essas orientações, já estaremos fazendo muito para que as diferenças entre homem e mulher não se transformem em desigualdades e em injustiças. Estaremos, ainda, combatendo a violência doméstica, de mulheres contra homens e de homens contra mulheres; estaremos prevenindo contra a violência social, de todos contra todos, pois o homem aprenderá a desenvolver maneiras mais sensíveis de ver o mundo e a mulher potencializará formas mais ativas de se inserir na vida. Eles se educarão para ser companheiros, não inimigos potenciais e reais na vida concreta do seu dia-a-dia. É para essa direção que a psicóloga Malvina Muszkat aponta: “Queremos que as mulheres se fortaleçam, saiam da posição de vitimização. E que os homens expressem suas fragilidades. Em geral, os homens não falam de seus sentimentos. Muitos consideram essa fala como sinal de falta de masculinidade. Trabalhamos com os homens, estimulando que eles reflitam acerca de suas fraquezas e seus impulsos.”
A esperança é a de que, se chegarmos a esse ponto, homens e mulheres vejam o quão importante é lutar contra os custos da masculinidade, acarretados pelo monopólio masculino da força, do poder e da razão, ao passo que a mulher possa se dar conta dos prejuízos advindos com a aceitação de uma feminilidade lastreada na inferioridade, na vitimização e na dependência. Porém, isso não acontecerá da noite para o dia. A luta contra os paradoxos sexistas é árdua e exige dedicação diuturna e continuada. É por esse motivo que programas de educação não-sexista têm de ser pensados e levados a cabo, pois eles são potencialmente formadores de todos nós para a igualdade concreta entre as pessoas humanas, essa que pode nos trazer mais qualidade de vida, mais felicidade e realização.
Por Wilson CorreiaMestre em EducaçãoColunista Brasil Escola
Educação - Brasil Escola

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Minhas reflexões

Todo homem sábio é sereno.A serenidade é conquista que se consegue a esforço pessoal e passo a passo.Pequenos desafios que são superados; irritação que se faz controlada; desafios emocionais corrigidos; vontade bem direcionada; ambição freada, são experiências para a aquisição da serenidade.Um Espírito sereno, já se encontrou consigo próprio, sabendo o que, exatamente , deseja da vida.A serenidade harmoniza, exteriorizando-se de forma agradável para os circunstantes. Inspira confiança, acalma e propõe afeição.O homem sereno já venceu grande parte da luta.Que nenhuma agressão exterior te perturbe, levando-te à irritação, ao desequilíbrio.Mantém-te sereno em todas as realizações.A tua paz é moeda arduamente conquistada, que não deves atirar fora por motivos irrelevantes.Os tesouros reais, de alto valor, são aqueles de ordem íntima, que ninguém toma, jamais se perdem e sempre seguem com a pessoa.Tua serenidade , tua gema preciosa.Diante de quem te enganou, traindo a tua confiança, o teu ideal, ou envolvendo-te em malquerença, mantém-te sereno.O enganador é quem deve estar inquieto, e não a sua vítima.Nunca te permitas demonstrar que foste atingido pelo petardo da maldade alheia. No teu círculo familiar ou social sempre defrontarás com pessoas perturbadoras, confusas e agressivas.Não te desgastes com elas, competindo nas faixas de desequilíbrio em que se fixam.Constituem teste à tua paciência e serenidade. Assim exercita-te com essas situações para, mais seguro , enfrentares os grandes testemunhos e provações do`processo evolutivo, Sempre porém com serenidade.Abraços

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Poesia felicidade Fernando Pessoa

Encontrados 277 frases e pensamentos: poesia felicidade Fernando Pessoa

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

Fernando Pessoa

AUTOPSICOGRAFIA

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas da roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama o coração.

Fernando Pessoa

Quero para mim o espírito desta frase,
transformada a forma para a casar com o que eu sou:
Viver não é necessário; o que é necessário é criar.

Fernando Pessoa

Quero ignorado, e calmo
Por ignorado, e próprio
Por calmo, encher meus dias
De não querer mais deles.
Aos que a riqueza toca
O ouro irrita a pele.
Aos que a fama bafeja
Embacia-se a vida.
Aos que a felicidade
É sol, virá a noite.
Mas ao que nada espera
Tudo que vem é grato.

Fernando Pessoa

É Talvez o Último Dia da Minha Vida

É talvez o último dia da minha vida.
Saudei o sol, levantando a mão direita,
Mas não o saudei, dizendo-lhe adeus,
Fiz sinal de gostar de o ver antes: mais nada.

Alberto Caeiro ( Fernando Pessoa)

Não se acostume com o que não o faz feliz, revolte-se quando julgar necessário.
Alague seu coração de esperanças, mas não deixe que ele se afogue nelas.
Se achar que precisa voltar, volte!
Se perceber que precisa seguir, siga!
Se estiver tudo errado, comece novamente.
Se estiver tudo certo, continue.
Se sentir saudades, mate-a.
Se perder um amor, não se perca!
Se o achar, segure-o!

Fernando Pessoa

Poema do amigo aprendiz
Quero ser o teu amigo. Nem demais e nem de menos.
Nem tão longe e nem tão perto.
Na medida mais precisa que eu puder.
Mas amar-te sem medida e ficar na tua vida,
Da maneira mais discreta que eu souber.
Sem tirar-te a liberdade, sem jamais te sufocar.
Sem forçar tua vontade.
Sem falar, quando for hora de calar.
E sem calar, quando for hora de falar.
Nem ausente, nem presente por demais.
Simplesmente, calmamente, ser-te paz.
É bonito ser amigo, mas confesso é tão difícil aprender!
E por isso eu te suplico paciência.
Vou encher este teu rosto de lembranças,
Dá-me tempo, de acertar nossas distâncias...

Fernando Pessoa

Eu amo tudo o que foi
Tudo o que já não é
A dor que já não me dói
A antiga e errônea fé
O ontem que a dor deixou
O que deixou alegria
Só porque foi, e voou
E hoje é já outro dia.

Fernando Pessoa

Enquanto não superarmos
a ânsia do amor sem limites,
não podemos crescer
emocionalmente.

Enquanto não atravessarmos
a dor de nossa própria solidão,
continuaremos
a nos buscar em outras metades.
Para viver a dois, antes, é
necessário ser um.

Fernando Pessoa

...
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe porque ama, nem o que é amar
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência, não pensar...

Fernando Pessoa

Como é por dentro outra pessoa
Quem é que o saberá sonhar?
A alma de outrem é outro universo
Com que não há comunicação possível,
Com que não há verdadeiro entendimento.

Nada sabemos da alma
Senão da nossa;
As dos outros são olhares,
São gestos, são palavras,
Com a suposição de qualquer semelhança
No fundo.

Fernando Pessoa

Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas ...
Que já têm a forma do nosso corpo ...
E esquecer os nossos caminhos que nos levam sempre aos
mesmos lugares ...

É o tempo da travessia ...
E se não ousarmos fazê-la ...
Teremos ficado ... para sempre ...
À margem de nós mesmos...

Fernando Pessoa

"É fácil trocar as palavras,
Difícil é interpretar os silêncios!
É fácil caminhar lado a lado,
Difícil é saber como se encontrar!
É fácil beijar o rosto,
Difícil é chegar ao coração!
É fácil apertar as mãos,
Difícil é reter o calor!
É fácil sentir o amor,
Difícil é conter sua torrente!

Como é por dentro outra pessoa?
Quem é que o saberá sonhar?
A alma de outrem é outro universo
Com que não há comunicação possível,
Com que não há verdadeiro entendimento.

Nada sabemos da alma
Senão da nossa;
As dos outros são olhares,
São gestos, são palavras,
Com a suposição
De qualquer semelhança no fundo."

Fernando Pessoa

Não sei quem sou, que alma tenho.
Quando falo com sinceridade não sei com que sinceridade falo.
Sou variamente outro do que um eu que não sei se existe (se é esses outros)...
Sinto crenças que não tenho.
Enlevam-me ânsias que repudio.
A minha perpétua atenção sobre mim perpetuamente me ponta
traições de alma a um carácter que talvez eu não tenha,
nem ela julga que eu tenho.
Sinto-me múltiplo.
Sou como um quarto com inúmeros espelhos fantásticos
que torcem para reflexões falsas
uma única anterior realidade que não está em nenhuma e está em todas.
Como o panteísta se sente árvore (?) e até a flor,
eu sinto-me vários seres.
Sinto-me viver vidas alheias, em mim, incompletamente,
como se o meu ser participasse de todos os homens,
incompletamente de cada (?),
por uma suma de não-eus sintetizados num eu postiço."

Fernando Pessoa

Não sei quantas almas tenho

Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que sogue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo : "Fui eu ?"
Deus sabe, porque o escreveu.

Fernando Pessoa

Deus costuma usar a solidão
Para nos ensinar sobre a convivência.
Às vezes, usa a raiva para que possamos
Compreender o infinito valor da paz.
Outras vezes usa o tédio, quando quer
nos mostrar a importância da aventura e do abandono.
Deus costuma usar o silêncio para nos ensinar
sobre a responsabilidade do que dizemos.
Às vezes usa o cansaço, para que possamos
Compreender o valor do despertar.
Outras vezes usa a doença, quando quer
Nos mostrar a importância da saúde.
Deus costuma usar o fogo,
para nos ensinar a andar sobre a água.
Às vezes, usa a terra, para que possamos
Compreender o valor do ar.
Outras vezes usa a morte, quando quer
Nos mostrar a importância da vida.

Fernando Pessoa

Há duas formas para viver a sua vida:
Uma é acreditar que não existe milagre.
A outra é acreditar que todas as coisas são um milagre.

Fernando Pessoa

Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender...

O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...

Eu não tenho filosofia; tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar...

Fernando Pessoa

Posso ter defeitos, viver ansioso
e ficar irritado algumas vezes mas
não esqueço de que minha vida é a
maior empresa do mundo, e posso
evitar que ela vá à falência.

Ser feliz é reconhecer que vale
a pena viver apesar de todos os
desafios, incompreensões e períodos
de crise.

Ser feliz é deixar de ser vítima dos
problemas e se tornar um autor
da própria história. É atravessar
desertos fora de si, mas ser capaz de
encontrar um oásis no recôndito da
sua alma.

É agradecer a Deus a cada manhã
pelo milagre da vida.

Ser feliz é não ter medo dos próprios
sentimentos.

É saber falar de si mesmo.

É ter coragem para ouvir um "não".

É ter segurança para receber uma
crítica, mesmo que injusta.

Pedras no caminho?

Guardo todas, um dia vou construir
um castelo…

Fernando Pessoa

Dever de Sonhar

Eu tenho uma espécie de dever, dever de sonhar, de sonhar sempre,
pois sendo mais do que um espetáculo de mim mesmo,
eu tenho que ter o melhor espetáculo que posso.
E, assim, me construo a ouro e sedas, em salas
supostas, invento palco, cenário para viver o meu sonho
entre luzes brandas e músicas invisíveis.

Fernando Pessoa